No último dia 29 de Janeiro foi comemorado o dia internacional da visibilidade trans, um dia para se lembrar das pessoas transgêneras, comemorar suas vitórias, reforçar a sua luta e a solidariedade que todos nós, revolucionários, temos com essa parcela especialmente excluída da sociedade de mercado. Nesse momento, surge nas redes sociais uma campanha da rede de supermercados Carrefour, abanando aos quatro ventos as suas funcionárias (operadoras de caixa eletrônico) transexuais, como exemplo de inclusão e aceitação de diferenças dentro da empresa.
É óbvio que ficamos felizes por pessoas trans estarem sendo reconhecidas como membros dignos da sociedade, já que existe uma parcela considerável dessa população que é cotidianamente marginalizada, jogada à prostituição e à violência. A sua admissão em empregos “de carteira”, empregos com seguridade social garantida e reconhecidos, ainda que com condições horríveis, jornadas de trabalho estendidas e sob constante ameaça de demissão, é algo a se comemorar. Mas não é, nem de longe, uma vitória. Muito antes disso, o fato de comemorar-mos isso como uma vitória é um sinal da grande derrota que a classe trabalhadora vem sofrendo como um todo nos últimos 30 anos.
A empresa Carrefour foi inteligente e corajosa ao captar os aplausos de uma esquerda que, longe de criticar a exploração do trabalho de todos aqueles que tem que trabalhar as vezes 12 horas por dia sem fins de semana ou feriados, declara vitória por ter conseguido fazer com que os anteriormente excluídos agora estejam também incluídos na exploração do trabalho. Afinal é essa a inclusão social que o capitalismo deseja promover, a inclusão social de mais mão de obra num mercado já precarizado, jogando as margens de salário e as possibilidades de organização e luta para longe.
Para uma crítica realmente radical e coerente ao capital, precisamos de todas as lutas. Não se trata da subordinação de uma luta à outra, mas sim da confluência de todas elas, na oposição radical contra o sistema de mercado, da alienação capitalista e da sociedade de espetáculo. E isso se faz partindo do princípio radical da não-admissão de qualquer forma de recuperação capitalista das nossas lutas, seja por parte de qualquer empresa ou do Estado.
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